Degraus curtos, gastos, velhos e reflexivos, envolvidos em centenas de mistérios vindos dos olhos minúsculos das janelas que caem sobre a viela. Olhos graves, cansados, sobre os transeuntes breves e facultativos.
Subiam de leve os pensamentos: a sé!
Subiam de leve os passos para o encontro desejado: ela estava ali à minha espera.
O relógio lento dos ponteiros acompanhava a monotonia dos meus passos: um degrau gasto, outro partido, outro solto, outro, outro...
E subia! A sé!
De dentro da janela, o ruído do suave som do embalar de uma criança sob o sussurrar de uma canção de infância perdida...
Do outro lado, a velhinha espera o que não pode esperar: a rua é o Universo; o rumo dos transeuntes, a direcção do destino gasto.
E subia!
A curva do cimo da escada aproximava-se lentamente. O relógio quase que parava a sua marcha lenta e infinita do seu maior ponteiro.
A curva desfazia-se, pedra ante pedra.
O largo! A sé!
Lá estava ela: linda, esbelta, imponente!
Lá, ela não estava.
Paulo Costa
1 comentário:
Um pequeno conto muito bonito e assaz interessante.
Muiti criativo e com uma ilustrção belíssima.
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