terça-feira, 20 de março de 2007

Queimada Viva de Souad


Foi uma leitura de férias, quando há menos vontade de pensar, mas mais tempo para o fazer. E, sem querer, estamos mais despertos para o mundo que nos rodeia. Foi com esse espírito (que só depois de ler o livro, descobri) que me deparei com a capa sugestiva e enigmática do livro de que vos vou falar. É um livro sem pretensões literárias ou perfeições linguísticas, mas com razões fortes para existir. É um grito, “um grito de alerta”, como diz Bethânia. Um grito para que acordemos para a realidade de milhares de mulheres espalhadas pelo mundo que não têm o direito de ser. O direito de ser que nasce com todos, mas que, muitas vezes, nos impede de ser pessoa, realmente.
Queimada Viva de Souad, mulher cisjordana, conta a história de vida de uma adolescente que se apaixona e engravida e que, por isso mesmo, é regada e queimada com gasolina por um parente próximo, para morrer, devolvendo, assim, a honra perdida à sua família. Souad é hospitalizada e, aí mesmo, médicos e enfermeiras recusam-se a tratá-la: ela não devia ter sobrevivido! É no próprio hospital que a sua mãe, humilhada e desesperada, tenta assassiná-la para acabar com a verdade da sua vergonha.
Um livro comovente e socialmente tenebroso, que nos deixa, a nós mulheres ocidentais, perplexas com actos tão violentos e desumanos, comuns na vida de tantas mulheres do outro lado do mundo.

Quando se aproxima o dia da comemoração dos Direitos do Homem (10 de Dezembro) será importante reflectir sobre esses direitos comuns. Precisamos deles para viver justamente, mas somos injustos quando os esquecemos.

Professora Teresa Castro

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