terça-feira, 17 de novembro de 2009

Felicidade

O herói do nosso livro é Edwin de Valu, um enfadonho e nervoso funcionário de segunda de uma editora de mediana qualidade (A Panderic) que trabalha na secção da não-ficção. Ou seja, é co-responsável pela edição de livros medianamente interessantíssimos (assim como o livro que nos foi trazido pela Anais).

Ao iniciarmos a leitura deparamos Edwin no início de mais um incipiente dia de trabalho que se afigura mediocremente normal. Na sua secretária amontoam-se inúmeros manuscritos de candidatos a escritores. Edwin avalia títulos tão interessantes como:

· As Luas de Thoxth-Aqogxnir; Causídico a Monte; Matar um Assassino…e O Que Aprendi Na Montanha… este último de uma senhor chamado Tupak Soiree.

Todos os manuscritos vão direitinhos para o caixote do lixo e segue-se uma aborrecida reunião com o desmiolado do editor chefe. A secção editorial da não ficção tem um problema: o catálogo de Outono tem um buraco no que respeita a livros de auto-ajuda. Todos os anos, no Outono, a Panderic têm lançado livros de um escritor a que apelidaram Sr. Ética. Esta alcunha adveio do facto dos livros deste escritor terem títulos tais como:

· O Guia da Ética da Pessoa Comum

· Uma Introdução à Ética para o Gestor Moderno

· Como Viver Uma vida Ética Neste Nosso Mundo Louco e Caótico

· Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Éticas;

Entre outros títulos, todos com muita ética à mistura. Mas, desta vez, o Sr. Ética não entregou um manuscrito sobre ética, isto porque foi preso por falta de ética – foi preso por fuga aos impostos.

Entre a espada e a parede Edwin, tem de avançar rapidamente com uma proposta e o título que lhe vem à mente é o último que acabou de deitar ao lixo: O Que Aprendi na Montanha de Tupak Soiree. Entre muitas peripécias e reviravoltas o livro lá é editado.

Mas este livro é o único livro de auto ajuda que realmente funciona! E isso dita o fim da sociedade tal como a conhecemos.

- Todas as pessoas conseguem deixar de fumar e beber, lá se vão as receitas dos impostos, lá se vão todas as indústrias de produção, lá se vão todos os distribuidores, lá se vão todos os pontos de venda….

- Todas as pessoas passam a ter uma enorme auto-estima: lá se vão os livros de auto estima, lá se vão os ateliers de alta, média e baixa costura…, lá se vão todas as lojas de pronto a vestir, todas as indústrias de maquilhagem, perfumaria e acessórios de moda, lá se vão todos os cabeleireiros, todos os distribuidores de produtos de beleza…. bares, discotecas, cafés…«Carros desportivos… geringonças tecnológicas. Objectos sexuais. Clínicas de emagrecimento os ginásios de musculação até a industria do pronto a comer. Anúncios pessoais, equipas desportivas profissionais»… tudo isto colapsou. Isto porque toda a economia se baseia nos maus hábitos e incertezas da humanidade. Ao alcançarem a felicidade assumindo sem reservas que se é – acabaram-se as compras. Pior ainda acabaram-se as compras de livros.

Mas não só, houve uma debandada geral aos maus parceiros sexuais, aos empregos entediantes, aos empregos stressantes, aos empregos desinteressantes, deixou-se de ir ao cinema, de ver televisão, concertos, exposições.

Lucro só para quem detinha a patente dos produtos Felicidade ®…

Autor: Will Ferguson, CANONGATE BOOKS LTD,...

Editor: Edições ASA

Ano de Edição: 2003

N.º Páginas: 336

ISBN: 9789724132778

3 comentários:

Undertaker disse...

Caro Blog da Biblioteca da minha Antiga, Eterna e Saudosa Escola Secundária de Campo Maior,

Li uma recomendação de leitura sobre a trilogia "Millennium" do escritor sueco Stieg Larsson. A personagem desta trilogia é uma rapariga "politicamente incorrecta" pois é bissexual, sabe artes marciais, tem um dragão tatuado e bastantes piercings. No entanto a nossa personagem, Lisbeth Salander é inteligentissima, é uma excelente investigadora e, sobretudo uma hacker sobredotada.

Segundo a crítica são três livros que se lêem de um fôlego.

E vocês o que me dizem? Recomendam?

Elisabete Fiel disse...

Por aqui...ainda não temos, conhecemos e diz quem já leu que a trilogia é fantástica! Gostamos de saber que tens saudades nossas...Elisabete Fiel

Undertaker disse...

Pois As Saudades...

Como dizia Fernando Pessoa

SAUDADE

Um dia a maioria de nós irá se separar.
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora,
as descobertas que fizemos,
dos sonhos que tivemos,
dos tantos risos e momentos que compartilhamos.
Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia,
das vésperas de finais de semana,
de finais de ano,
enfim... do companheirismo vivido.

Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino,
ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez
continuemos a nos encontrar quem sabe... nos e-mails trocados.
Podemos nos telefonar conversar algumas bobagens...
Aí os dias vão passar, meses... anos...
até este contato tornar-se cada vez mais raro.
Vamos nos perder no tempo...

Um dia nossos filhos
verão aquelas fotografias e perguntarão,
Quem são aquelas pessoas?
Diremos...Que eram nossos amigos.

E... isso vai doer tanto!
Foram meus amigos, foi com eles que vivi
os melhores anos de minha vida!
A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente....
Quando o nosso grupo estiver incompleto...

Nos reuniremos para um ultimo adeus de um amigo.
E entre lágrima nos abraçaremos.
Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante.

Por fim, cada um vai para o seu lado
para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado.
E nos perderemos no tempo....
Por isso, fica aqui um pedido desta humilde amigo:

Não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas
adversidades seja a causa de grandes tempestades...
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem
morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se
morressem todos os meus amigos!